O gênio não contado de Einstein.
Como Vejo o Mundo, de Albert Einstein, uma coleção de ensaios, artigos e cartas escritos entre 1922 e 1934, focando no aspecto humano desse gênio científico e revelando-o como um homem de sabedoria e muito consciente da necessidade urgente de a ciência servir ao bem-estar da humanidade.
Existem inúmeros documentários e livros discutindo o legado duradouro de Einstein para a ciência moderna – poucos desconhecem suas contribuições para o campo da física teórica: a teoria geral da relatividade e a fórmula E = mc2 para equivalência massa-energia são talvez universalmente conhecidas (se não necessariamente compreendidas). Em comparação, suas visões políticas e religiosas passam em grande parte despercebidas, escondidas sob a sombra gigante que paira sobre suas imensas realizações científicas. Lendo Como Vejo o Mundo fica claro que ignorar esse aspecto da vida e do pensamento de Einstein é um descuido dramático.
Sobre o significado da vida – um assunto carregado sobre o qual “todos têm certos ideais que determinam a direção de seus esforços e julgamentos” – Einstein escreve:
“Os ideais que iluminaram o meu caminho e me deram nova coragem para encarar a vida alegremente, foram a Verdade, a Bondade e a Beleza. Sem o senso de camaradagem com homens de mente semelhante, de preocupação com o objetivo, o eternamente inatingível no campo da arte e da pesquisa científica, a vida me pareceria vazia. Os objetos comuns do esforço humano – propriedade, sucesso externo, luxo – sempre me pareceram desprezíveis.”
Enquanto Einstein apoiava o modelo político nos Estados Unidos da América (uma fera muito diferente na época em que escrevia, em comparação com hoje), seu senso de justiça social o impedia de perceber o Estado como superior ao próprio homem. “A coisa realmente valiosa no desfile da vida humana me parece não ser o Estado, mas o indivíduo criativo e sensível, a personalidade; ela sozinha cria o nobre e o sublime, enquanto o rebanho como tal permanece obtuso em pensamento e obtuso em sentimento.”
Além disso, ele viu como as deficiências dos sistemas políticos minavam a cultura e a sociedade:
“A falta de figuras de destaque é particularmente marcante no domínio da arte. A pintura e a música definitivamente degeneraram e perderam em grande parte seu apelo popular. Na política, não só faltam líderes, mas a independência de espírito e o senso de justiça do cidadão diminuíram em grande medida. O regime democrático e parlamentar, que se baseia em tal independência, foi abalado em muitos lugares, ditaduras surgiram e são toleradas, porque o senso de dignidade dos homens e os direitos do indivíduo não são mais fortes o suficiente. Em duas semanas, as massas semelhantes a ovelhas podem ser trabalhadas pelos jornais em tal estado de fúria que os homens estão preparados para vestir um uniforme e matar e serem mortos, em prol dos objetivos inúteis de algumas partes interessadas. O serviço militar obrigatório me parece o sintoma mais vergonhoso dessa deficiência a dignidade pessoal da qual a humanidade civilizada está sofrendo hoje.”
A condenação inequívoca de Einstein aos militares é clara – ele os vê como uma instituição que representa a degradação máxima do espírito humano. “Que um homem possa ter prazer em marchar em formação ao som de uma banda é o suficiente para me fazer desprezá-lo. Ele só recebeu seu grande cérebro por engano; uma espinha dorsal era tudo o que ele precisava… Heroísmo por ordem, violência sem sentido e todo o absurdo pestilento que leva o nome de patriotismo – como eu os odeio!”