June e Jennifer Gibbons – As gêmeas silenciosas.
June e Jennifer Gibbons (nascidas em 11 de abril de 1963) eram gêmeas idênticas que cresceram no País de Gales. Elas ficaram conhecidas como “As Gêmeas Silenciosas” porque somente se comunicavam entre si. Elas começaram a escrever obras de ficção, mas recorreram ao crime em busca de reconhecimento.
Ambas as garotas foram internadas no Hospital Broadmoor, onde permaneceram detidas por 14 anos.
Vida pregressa
June e Jennifer eram filhas dos imigrantes das Índias Ocidentais Gloria e Aubrey Gibbons. Gloria era dona de casa e Aubrey trabalhava como técnico na Royal Air Force. Pouco depois de nascerem em Barbados, a família mudou-se para Haverfordwest, País de Gales.
As irmãs gêmeas eram inseparáveis e seu dialeto particularmente rápido tornava difícil para as pessoas fora de sua família compreendê-las. Por serem as únicas crianças negras da comunidade, foram condenadas ao ostracismo na escola. Isso foi traumático para as gêmeas, fazendo com que os administradores da escola as dispensasse mais cedo todos os dias para que pudessem evitar o bullying. A linguagem delas tornou-se ainda mais idiossincrática nesta época. Logo ficou ininteligível para os outros. A linguagem delas, ou idioglossia, foi qualificada como exemplo de criptofasia, exemplificada pelas ações simultâneas das gêmeas.
Eventualmente, as gêmeas não falavam com ninguém, exceto uma com a outra e com sua irmã mais nova, Rose. Quando as gêmeas completaram 14 anos, vários terapeutas tentaram, sem sucesso, fazê-las se comunicar com outras pessoas. Elas foram enviadas para internatos separados na tentativa de quebrar o isolamento, a dupla ficou catatônica e totalmente retraída quando se separaram.
Expressão criativa
Quando se reencontraram, as duas passaram alguns anos isolando-se no quarto, envolvidas em elaboradas brincadeiras com bonecas. Elas criaram muitas peças e histórias no estilo de uma espécie de novela, lendo algumas delas em voz alta, no Natal de 1979, começaram sua carreira de escritoras, foram enviadas para um curso de redação criativa por correspondência e cada uma escreveu vários romances. Ambientado principalmente nos Estados Unidos e particularmente em Malibu, Califórnia, um local excitantemente exótico para garotas românticas presas em uma pacata cidade galesa, as histórias envolviam rapazes e moças que exibiam um comportamento estranho e muitas vezes criminoso. Elas escreveram em um estilo pessoal único, muitas vezes com escolhas de palavras involuntariamente divertidas.
Crime e hospitalização
Seus romances foram publicados por uma editora independente chamada New Horizons, fizeram muitas tentativas de vender contos para revistas, mas não tiveram sucesso. As meninas cometeram uma série de crimes, incluindo incêndio criminoso, o que as levou a serem internadas no Broadmoor Hospital, um hospital de saúde mental de alta segurança. Lá elas permaneceram por 14 anos sob altas doses de medicamentos antipsicóticos, se viram incapazes de se concentrar; aparentemente, Jennifer desenvolveu discinesia tardia (um distúrbio neurológico que resulta em movimentos involuntários e repetitivos). Aparentemente, seus medicamentos foram ajustados o suficiente para permitir que continuassem os copiosos diários que haviam começado em 1980, ingressou no coral do hospital e perderam a maior parte do interesse pela escrita criativa.
O caso ganhou alguma atenção devido à cobertura jornalística da jornalista do The Sunday Times, Marjorie Wallace. O tablóide britânico The Sun fez um breve mas preciso relato da sua história, intitulado “Gêmeos Geniais Não Falam”.
A morte de Jennifer
Segundo Wallace, as meninas tinham um longo acordo de que, se uma morresse, a outra deveria começar a falar e viver uma vida normal. Durante a internação, elas começaram a acreditar que era necessário que uma das gêmeas morresse e, após muita discussão, Jennifer concordou em ser sacrificada.
Em março de 1993, às gêmeas foram transferidas de Broadmoor para a Clínica Caswell, em Bridgend, País de Gales; ao chegar, Jennifer não conseguia ser despertada. Ela foi levada ao hospital, onde morreu logo depois de miocardite aguda, uma inflamação repentina no coração. Não havia evidências de drogas ou veneno em seu organismo e sua morte permanece um mistério.
Numa visita alguns dias depois, Wallace contou que June “estava com um humor estranho.” Ela disse: “Finalmente estou livre, liberada, e finalmente Jennifer desistiu de sua vida por mim”. Após a morte de Jennifer, June deu entrevistas ao Harper's Bazaar e ao The Guardian. Em 2008, vivia de forma tranquila e independente, perto dos pais.