As civilizações antigas usavam super acústica para alterar a consciência e falar com os mortos.
Uma necrópole pré-histórica em Malta fornece pistas sobre o uso antigo do som e seu efeito na atividade cerebral humana. E mostra que civilizações antigas usavam super acústica para mudar a consciência e falar com os mortos.
É bem sabido que civilizações antigas associavam sons especiais ao sagrado. Era da natureza humana isolar esses lugares hiperacústicos da vida cotidiana mundana e dar grande importância a eles porque o comportamento sonoro anormal implicava uma presença divina.
Isto é particularmente verdadeiro para os maias e astecas, como evidenciado pelo barulho estridente da Pirâmide de Kukulkan em Chichén Itzá e pelo assustador apito fúnebre asteca descoberto no esqueleto de uma pessoa sacrificada encontrado em frente ao templo de seu deus do vento.
O Hipogeu de Ħal Saflieni, em Malta, é outro exemplo de como civilizações antigas usavam o som para mudar a consciência e conversar com os mortos.
O hipogeu de Ħal Saflieni e seu misterioso fenômeno sonoro
O Hipogeu está localizado em Paola, Malta. A estrutura subterrânea neolítica data da fase Saflieni (3300 – 3000 a.C.). Acredita-se que tenha sido um santuário e necrópole, pois mais de 7.000 esqueletos individuais foram descobertos por arqueólogos.
Uma de suas câmaras, conhecida como “The Oracle Room”, tem uma reputação lendária de comportamento sonoro excepcional.
A Sala do Oráculo é uma câmara esculpida com uma superfície interna arredondada. O resultado é um eco que reverbera por todo o hipogeu.
Ficar no Hipogeu é como estar dentro de um sino gigante. Em certos tons, sente-se o som vibrando no osso e no tecido tanto quanto ouvi-lo.
Uma palavra falada na Sala do Oráculo é ampliada cem vezes e é audível por toda a estrutura.
O que acontecia na Câmara do Oráculo?
Uma voz masculina cantando em uma frequência na faixa de 70 a 130 Hz poderia transformar todo o complexo do templo em uma sala indutora de transe, capaz de estimular o centro criativo do cérebro humano.
Nessas frequências de ressonância, mesmo pequenas forças motrizes periódicas podem produzir oscilações de grande amplitude, porque o sistema armazena energia vibracional.
Os ecos ricocheteiam nas superfícies duras e se acumulam antes de desaparecerem.
Essa tecnologia acústica altamente eficiente permitiu que os Antigos mudassem a consciência e os comportamentos fisiológicos e psicológicos daqueles submetidos a ela.
Como e por que os povos antigos usavam o som?
Uma equipe internacional de cientistas desvendou recentemente o antigo mistério da Câmara do Oráculo no Hipogeu de Hal Saflieni, em Malta.
Conforme demonstrado em um novo estudo científico, cada pessoa tem sua frequência individual de ativação, sempre entre 90 e 120 hz.
Durante os testes, uma voz masculina profunda sintonizada nessas frequências estimulou um fenômeno de ressonância por todo o hipogeu, criando efeitos de arrepiar os ossos.
Foi relatado que os sons ecoaram por até 8 segundos.
O arqueólogo Fernando Coimbra disse que sentiu o som atravessando seu corpo em alta velocidade, deixando uma sensação de relaxamento. Quando se repetiu, a sensação retornou e ele também teve a ilusão de que o som foi refletido de seu corpo para as antigas pinturas em ocre vermelho nas paredes.
As mesmas pessoas que criaram Ħal Saflieni também projetaram um calendário solar completo com alinhamentos de nascer do sol no solstício e no equinócio, que ainda funcionam hoje em uma de suas estruturas megalíticas acima do solo.
Não há dúvida de que uma sofisticada escola de conhecimento arquitetônico, astronômico e audiológico já existia mil anos antes de os egípcios começarem a construir pirâmides.
Considero quase inevitável que as pessoas no passado neolítico em Malta tenham descoberto os efeitos acústicos do Hipogeu e os tenha experimentado como uma forma de falarem com os mortos.