A rotação acelerada da Terra e a iminente mudança do tempo em 2029.
Em uma reviravolta intrigante na dinâmica planetária, a velocidade de rotação da Terra parece estar acelerando, um fenômeno sutil, mas mensurável, que pode exigir um raro ajuste na cronometragem global até 2029.
Embora a rotação da Terra tenha sido considerada um metrônomo constante para a vida cotidiana, observações recentes sugerem que esse ritmo está se acelerando, levando os cientistas a considerar uma mudança sem precedentes na forma como monitoramos o tempo.
Uma aceleração gradual na rotação da Terra
Nos últimos anos, pesquisadores notaram um aumento gradual na velocidade de rotação da Terra. Normalmente, o planeta completa uma rotação em aproximadamente 86.400 segundos — a base para o nosso dia de 24 horas. No entanto, influências como interações gravitacionais com a Lua e o Sol, mudanças no núcleo fundido e até mesmo a redistribuição de massa devido a mudanças climáticas, como o derretimento do gelo polar, causaram flutuações nessa taxa.
Historicamente, essas variações desaceleraram a rotação da Terra, levando à adição de “segundos bissextos” ao Tempo Universal Coordenado (UTC) para manter os relógios atômicos sincronizados com o tempo solar. Mas agora, a tendência parece estar se revertendo. Os dias têm sido um pouco mais curtos do que o esperado — às vezes por meros milissegundos — sugerindo uma aceleração que desafia a norma.
Um possível ajuste de tempo até 2029
Para lidar com essa aceleração inesperada, os cientistas estão contemplando uma decisão significativa: ajustar o horário mundial subtraindo um único segundo até 2029. Isso marcaria um afastamento da prática usual de adicionar segundos bissextos, o que ocorreu 27 vezes desde 1972 para compensar uma Terra gradualmente mais lenta.
A ideia de um “segundo intercalar negativo” ganhou força nos últimos anos, especialmente depois de 2021, quando vários dias foram registrados como os mais curtos em décadas. Se essa aceleração persistir, o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS), o órgão responsável por monitorar a rotação da Terra e gerenciar os segundos intercalares, pode solicitar esse ajuste para garantir que nossos relógios permaneçam alinhados com a posição real do planeta em relação ao Sol. Embora nenhuma data firme tenha sido definida, 2029 surgiu como um horizonte plausível para tal mudança, dependendo de como os dados evoluem.
A resiliência da natureza a pequenas mudanças
Embora a noção de ajustar o tempo possa soar dramática, tais mudanças são, no grande esquema, notavelmente menores e bem dentro dos limites do que a natureza há muito acomodou. “A natureza está acostumada a isso”, observou um especialista, apontando precedentes históricos.
“Por exemplo, em 1918, o calendário mudou 13 dias.”
Isso provavelmente se refere a um mal-entendido ou confusão de eventos — talvez a adoção generalizada do Horário de Verão em 1918 por algumas nações, ou um aceno à reforma do calendário gregoriano de 1582, quando 10 dias foram pulados (mais tarde 13 em algumas regiões) para corrigir séculos de deriva. Independentemente disso, o ponto mais amplo permanece: a Terra e seus ecossistemas sofreram perturbações temporais muito maiores.
Os especialistas elaboraram que os ciclos naturais já envolvem ajustes constantes. A cada ano, os horários do nascer e do pôr do sol mudam em relação um ao outro devido à inclinação axial e à órbita elíptica da Terra — uma dança de minutos e horas muito mais pronunciada do que um ajuste de um segundo.
Pequenas correções como adicionar ou subtrair um segundo intercalar são insignificantes neste contexto, improváveis de repercutir nos sistemas biológicos ou geológicos do planeta de qualquer forma significativa. Dos padrões de migração dos pássaros ao desabrochar das flores, a vida evoluiu para se adaptar a um mundo onde a duração do dia variou em segundos, minutos e até horas ao longo de milênios.
Uma solução técnica, não uma crise planetária
Em última análise, a decisão de introduzir ou remover esse chamado “segundo de coordenação” tem menos a ver com evitar catástrofes e mais com manter a precisão em nossos sistemas feitos pelo homem. Os relógios atômicos, que definem o UTC com precisão extraordinária, devem se reconciliar periodicamente com o ritmo menos previsível da rotação da Terra.
Essa sincronização garante que tecnologias como GPS, telecomunicações e redes financeiras — dependentes de temporização em frações de segundo — funcionem perfeitamente. A potencial subtração de um segundo até 2029 seria simplesmente uma necessidade técnica, um ajuste fino de nossas ferramentas para corresponder à realidade astronômica, em vez de um prenúncio de interrupção.
Por que é importante e por que não é
Para a pessoa média, esse ajuste passaria despercebido. Os relógios podem passar de 23:59:58 diretamente para 00:00:00, mas a vida diária continuaria como sempre.
Ecossistemas, sintonizados com ciclos que abrangem estações e anos, permaneceriam alheios. No entanto, isso ressalta uma verdade profunda: a Terra é uma entidade dinâmica, seus ritmos moldados por forças cósmicas e terrestres, e nossos esforços para medir o tempo são uma tentativa humilde de acompanhar o ritmo de sua dança.
Em essência, a rotação acelerada e a possível mudança de tempo até 2029 são um lembrete da natureza inquieta do planeta — e nossa resiliência silenciosa em nos adaptar a ela. Se esse ajuste acontecer, será um pequeno eco técnico de processos que se desenrolaram por eras, banais para a natureza, mas um marco curioso para a busca da humanidade para marcar a passagem do tempo.